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Você já ouviu falar na história do relógio de ouro da Fábrica de Tecidos Dona Isabel?

Qual foi o seu maior tempo de permanência em um emprego? Agora, imagine passar 50 anos a serviço de uma mesma empresa. Mais especificamente, uma fábrica! Bom, era esse o pré-requisito da Fábrica de Tecidos Dona Isabel na entrega de seu famoso relógio de ouro. Mais do que uma meta alcançada, o recebimento do item representava o reconhecimento pela dedicação e o esforço de uma vida.

Fundada em 08 de maio de 1889, a fábrica levou o nome de Dona Isabel como homenagem à princesa que, um ano antes, aboliu a escravidão no Brasil. Chegando a empregar mais de 1.800 funcionários, a companhia atuava desde o algodão até o tecido pronto. E, numa época em que não havia fundo de garantia, o relógio de ouro funcionava como uma homenagem prestada aos funcionários que atingiam os 50 anos de casa.

Foi o que aconteceu com o ex-tecelão Henrique Pedro Tesch. Tendo trabalhado a serviço da Dona Isabel do dia 10 de julho de 1912 à mesma data de 1962, ele foi um dos presenteados pela firma. De acordo com o neto, Amarildo Tesch, em datas comemorativas já era certo ver o avô colocar a melhor roupa e, é claro, o acessório que fazia jus a uma trajetória de ouro dentro da fábrica.

“As recordações que tenho do meu avô com o relógio são as melhores que guardo dele porque em dias especiais e, especialmente nos aniversários dele, era certo ele vestir a melhor roupa social, o sapato preto muito bem engraxado e exibir o relógio de bolso. Ele nos contava que, com sol ou chuva, fazia o trajeto de casa até a fábrica e da fábrica até em casa a pé, feliz e contente!”, recorda Amarildo.

No relógio os dizeres “Lembrança da Fábrica de Tecidos Dona Isabel”, seguidos do nome do homenageado e o tempo de serviço. Fotos: Petrópolis Sob Lentes

Símbolo de perseverança, desde que chegou à família o acessório se tornou um símbolo da presença e da dedicação do patriarca: exemplo no trabalho e na vida. “Com certeza nos encoraja a seguir uma vida de lutas, pois ele foi um guerreiro que sempre lutou e venceu os desafios, sendo um exemplo a ser seguido pelos filhos, netos, bisnetos e por aí vai”, afirma Amarildo.

Passado de geração em geração, o relógio foi deixado pelo ex-tecelão a seu filho, Sylvio Frederico Tesch, que também o entregou a seu filho, Jorge Guilherme Tesch. Irmão de Amarildo, Jorge já prometeu deixar o item ao sobrinho, Endrigo dos Santos Tesch: bisneto daquele que construiu uma jornada de ouro para além dos muros da Fábrica de Tecidos Dona Isabel.

Leia também: Fábrica de Tecidos Dona Isabel: do algodão ao tecido

Carolina Freitas

Jornalista e escritora, Carolina Freitas se dedica ao resgate e à valorização da memória petropolitana a partir da produção de reportagens e curtas-metragens sobre a história, o comércio, e a vida da cidade.

4 Comments

  1. Carolina mais uma vez eu faço parte do história dos teus comentários,pois antes de trabalhar na Loja Ao Regador, eu trabalhei na Fábrica de Tecidos Dona Isabel, durante 4 anos quando ainda era menor de idade até a maioridade 18 anos. De fato foi uma grande empresa que se foi. Veja meu comentário.

    • Que espetáculo, João! Eu sou fascinada na história da Dona Isabel. Queria muito ter visto a fábrica ainda em funcionamento! Devia ser incrível

  2. Quem foi que desenhou o símbolo do polibel d.Isabel. Que foi impresso até nos azulejos da fábrica, em branco e azul? Agradeço a atenção.

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