As emblemáticas sacas de papel do Merci. Foto: Reprodução/Internet
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Supermercado Merci: o melhor preço da praça

‘Pioneiro dos melhores artigos pelos menores preços’, o supermercado Merci chegou a Petrópolis em meados de 1964

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Ainda que sob construções gramaticais diferentes, a gratidão se mostrou amplamente compreendida na então Avenida XV de Novembro, 91. Frente a preços de se tirar o chapéu – como ilustrava a logomarca da empresa – o cliente, à francesa, encontrava no Merci motivos não para se despedir, mas para mais uma vez até ele ir.

Fotos: Arquivo Histórico Biblioteca Municipal – Bruno Avellar

‘Pioneiro dos melhores artigos pelos menores preços’, o supermercado Merci chegou a Petrópolis em meados de 1964 – de acordo com a Revista Social nº 63 daquele ano – para suprir as necessidades da cidade no gênero alimentício e ajudar – como diziam os comerciais da época – os clientes a bem defenderem suas bolsas.

A linguagem do público variava, mas independente da idade ou da classe social de cada um, o discurso unânime referente ao Merci fez crianças, adultos, clientes e funcionários compartilharem do mesmo sentimento de agradecimento ao que foi e ao que representou o supermercado.

Estimulados, desde novos, a acompanharem suas famílias às compras, os jovens aprenderam que não havia melhor preço na praça do que o do Merci. Para Patricia Rebolo Medici, de 54 anos, que cresceu indo junto da avó – então moradora do Ed. Imperador – ao local, recorrer a ele significava prover a mesa de casa e sua fome por guloseimas.

“Ela comprava lá tudo que eu gostava, incluindo a manteiga Doriana, que sempre que eu abria fazia questão de desenhar os dois olhos e a boquinha, como no comercial”.

Da fantasia da televisão à realidade, foi por também por intermédio do Merci que Regina da Costa Santos Gelli, de 59 anos, conheceu e conversou com o ex-jogador Marinho Chagas.

Ou melhor, ao menos tentou! As lembranças do dia em que o mercado promoveu uma ação com o atleta são vagas, a não ser pelo nervosismo sentido quando se recorda da interação entre os dois. “Minha mãe me apresentou a ele, que na época tinha uma boa atuação no futebol. Eu tinha em torno de 15 anos e morri de vergonha!”.

Mercearias Nacionais S.A.

Com lojas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Petrópolis e Volta Redonda, a rede de abrangência nacional ficou registrada na memória de quem com ela cruzou e construiu seu próprio caminho, como foi o caso do vigilante aposentado Cristiano Luis Correia, de 44 anos.

Com nove anos, talvez dez, ele já lutava pelo próprio sustento e, nos caixas do Merci, empacotava as compras dos clientes em troca de algumas moedinhas. “Lembro até hoje das sacas de papel com alças de fita preta de plástico, dos frios cortados na manivela e do arroz e feijão ainda comprados à quilo, com aquelas canequinhas”.

As emblemáticas sacas de papel do Merci. Foto: Reprodução/Internet

Tendo colaborado com a empresa como empacotador por ao menos um ano e meio – sem registro profissional – Cristiano foi, então, empregado pela Viação Serrana. E mesmo com os dias de trabalho no mercado acabados, o petropolitano frequentemente retornava à loja que, segundo ele, foi ponto de troca de vale-transporte por saquinhas de leite.

Grato pela experiência profissional e pela formação pessoal proporcionadas pelo local, Cristiano recorda ainda a passagem do irmão como repositor e fiscal de salão do Merci: ambiente regido pela honestidade e pelo companheirismo próprios de uma época não tão distante, mas definitivamente diferente.

Trabalhador rural em Portugal, quando chegou ao Brasil, há 60 anos, o português Domingos Rebelo Araújo, de 83 anos, já estava empregado pelas Mercearias Nacionais. De Merci, o senhor Araújo viu a firma se tornar Casas da Banha e, ele próprio, ir de caixa a sub-gerente, gerente e, por fim, supervisor.

Ao falar sobre os 31 anos a que se dedicou à firma e às filiais pelas quais passou, o português brinca e compara o então funcionamento dos supermercados aos bancos, em que o gerente passa um ano numa agência e, logo no seguinte, é transferido para outra. Ele mesmo diz que do Rio foi enviado para Petrópolis, Belo Horizonte e Volta Redonda.

Mas os tempos eram bons e ‘seu’ Araújo faz questão de afirmar que não tem do que reclamar. “Gerente de supermercado era tido quase que como autoridade, convidado para jantares de Batalhão, eventos no Quitandinha”. Em dívida com as cortesias do mercado, até outro idioma clientes e funcionários aprenderiam para, ao Merci, expressarem sua gratidão.

(Matéria publicada no jornal Tribuna de Petrópolis em 05/01/2020)

Carolina Freitas

Jornalista e escritora, Carolina Freitas se dedica ao resgate e à valorização da memória petropolitana a partir da produção de reportagens e curtas-metragens sobre a história, o comércio, e a vida da cidade.

1 Comment

  1. Olá
    Boa tarde
    Minha mãe trabalhou no merci em Juiz de fora e perdeu a carteira,tem como ela achar o registro de contribuição em algum lugar?

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