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Ótica e Relojoaria Brasília: há 50 anos protagonista na eternização de momentos e histórias

Uma das especialidades da casa é a confecção de placas, medalhas e troféus para a Prefeitura, colégios e eventos esportivos como o JEUPS e JEMS

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Com a atenção voltada para os detalhes, é numa pequena mesa aos fundos da loja que Fernando, há mais de 40 anos, se dedica à eternização de momentos e histórias. Seja a partir da gravação realizada em peças ou então da confecção de troféus e medalhas, é em suas mãos que homenagens ganham vida. Este ano, é a relojoaria a ser celebrada.

Fotos: Petrópolis Sob Lentes

Em maio de 2023, a Ótica e Relojoaria Brasília completa meio século de atividade ininterrupta no mesmo endereço. “Uma portinha”, como a família descreve em tamanho, quando se trata do impacto tido pelo empreendimento na cidade e em quem a movimenta, a resposta é o extremo oposto. Fonte inesgotável de alegrias e satisfação, o local é resultado de uma vida.

Fundada pelos comerciantes e irmãos José Augusto e Fernando Braga Martinho, a relojoaria simboliza o apreço pela caminhada e, principalmente, por aqueles com quem ela é dividida. Conta Fernando José Gomes da Cruz Martinho, de 65 anos, filho de José Augusto, que a inspiração por trás do nome Brasília veio do fato de seu avô materno ter trabalhado na construção da referida cidade.

Até hoje com parte da família na capital, no letreiro da Ótica e Relojoaria ‘Brasília’ está gravada como indicação dos esforços que sempre pautaram a atuação dos Martinho. A princípio ótica e relojoaria, no decorrer do tempo a loja cresceu na oferta de serviços. Administrada pelos 11 primeiros anos pelo pai, de 1984 para cá é Fernando quem a gerencia.

“Eu e meu irmão Clóvis fomos os primeiros a trabalhar na loja. Meus outros irmãos também tiveram passagens pela loja, mas eu sempre me mantive fixo. Agarrei com bastante afinco e em pouco tempo comprei do meu pai para passar a gerenciar”. Nascido e criado em Pedro do Rio, Fernando recorda as longas viagens de casa até o trabalho e os eventuais contratempos que, observados sob outra ótica, se tornaram oportunidades.

Fotos: Arquivo/Ótica e Relojoaria Brasília – Petrópolis Sob Lentes (Na segunda imagem, Fernando acompanhado do irmão Clóvis)

“Logo depois que eu adquiri a ótica e relojoaria, nós fomos furtados. Levaram tudo e eu tive que recomeçar. Foi quando comecei com troféus e medalhas para preencher a vitrine”. Novo segmento de negócio, a comercialização de placas e medalhas passou a ser personalizada e altamente procurada por escolas e eventos esportivos da cidade, além da Prefeitura e Câmara.

Fotos: Petrópolis Sob Lentes

“Colégios como o Ipiranga e o Santa Isabel trabalham comigo já há 25 anos. Sempre fiz as medalhas do JEUPS e JEMS e atuo com a Prefeitura em inaugurações de escolas e praças com a confecção de placas”. Autor de um legado eternizado em boas memórias vinculadas às peças com quem trabalha, o comerciante com um quê de artista se diz satisfeito.

Nas imagens, Fernando, à direita, e seu pai, fundador da loja, à esquerda. Fotos: Arquivo/Ótica e Relojoaria Brasília – Petrópolis Sob Lentes

“Querendo ou não a gente fica orgulhoso. Teve ano de fazermos uma faixa de 15 mil medalhas. Muitos colégios em Magé e Piabetá são clientes há mais de 15 anos”. Munido de fregueses que há tempos já foram elevados ao posto de amigos, na estante de conquistas da ótica e relojoaria, o que não faltam são projetos e momentos especiais para recordar. 

Dela fazem parte a contratação para o reparo dos relógios do Museu Imperial em 1985 e Colégio Santa Isabel; um trabalho realizado para o Jardim Botânico; o restauro de uma placa da década de 1960 para o Sesc de Nogueira e a recuperação do busto de uma igreja em Magé.

Uma relojoaria habitada e nutrida em família

Tal qual o relógio, que ganha vida a partir da movimentação das engrenagens, na Ótica e Relojoaria Brasília o trabalho também se dá em conjunto. Lado a lado com Fernando, hoje fazem parte do dia a dia do estabelecimento a esposa Eloisa Maria Marques Martinho e o filho mais novo Douglas Marques Martinho, de 36.

Fotos: Arquivo/Ótica e Relojoaria Brasília – Petrópolis Sob Lentes

Atuante no ramo antes mesmo de conhecer o marido, foi na Relojoaria Mônica, pertencente à Fernando, tio de seu marido, que Eloisa começou a escrever sua história na família. Parceira para todos os momentos, Elô, como é mais chamada pelos amigos, sempre fez questão de se fazer presente nas atividades do negócio e em contribuir para seu sucesso.

Sem poupar elogios, contudo, ela demonstra sua admiração pelo marido, cuja dedicação à relojoaria sempre foi total. “É a vida dele e também parte da nossa história”. Habitada pelos filhos Fernando e Douglas desde pequenos, não houve escapatória para a dupla, que também se deixou levar pelo mesmo encanto que cativou o pai quando jovem.

Fotos: Arquivo/Ótica e Relojoaria Brasília

“Eu pegava no colégio e trazia eles pra cá. Os dois sempre interessados e prestando atenção em tudo”. Em dado momento, Elô relembra as miniaturas de brinquedos que ocupavam as vitrines de entrada e que eram como ímã para os pequenos, como ainda fazem os relógios infantis nelas expostos.

“Na época da pandemia, recebemos a visita de um médico que passava por aqui quando pequeno à caminho da escola. Ele colecionava nossas miniaturas e nos trouxe vários relógios para conserto como forma de apoio em meio àquele momento e disse que a loja fazia parte da história de vida dele. Foi emocionante demais”, exprime a petropolitana com gratidão pelo carinho demonstrado.

Traços herdados com carinho

Emocionante como quem vê a própria história gravada em uma peça, entre os colaboradores da ótica e relojoaria o sentimento que predomina é o da gratidão. Ambiente em que muitos tiveram sua primeira experiência profissional, é nela que ficaram eternizados momentos de aprendizado, descontração e, por que não, também de evolução pessoal.

Foto: Arquivo/Ótica e Relojoaria Brasília

Filho de Fernando e Elô, Douglas Marques Martinho tem hoje 36 anos, mas conta que desde os 15 convive com a loja diretamente. Local em que testemunhou o próprio amadurecimento, é no negócio da família que Douglas vivencia o orgulho de poder contribuir com os novos capítulos da história do empreendimento.

“Graças à minha mãe fiz um curso de informática ainda na adolescência e que hoje me ajuda a agregar com a empresa”. Facilitador, seu domínio de ferramentas tecnológicas tem sido o responsável por estabelecer a ponte necessária entre a tradição e a inovação.

No mesmo ambiente, os ex-colaboradores, Igor Garrido, de 35 anos, e Keli Angela Ribeiro Areias Carvalho, da mesma idade, também tiveram seus primeiros empregos. Para Igor, filho de relojoeiro, a contratação foi acompanhada de uma sensação de acolhimento que fez com que se sentisse, pelos 15 anos em que esteve na loja, como parte da família.

Foto: Arquivo/Ótica e Relojoaria Brasília

“Eles me transmitiram valores que me fortaleceram. Me ensinaram tudo sobre vender, como me portar, e isso fez com que eu me tornasse o profissional que sou hoje”. Hoje em seu segundo emprego, Igor continua a se dedicar ao ofício de relojoeiro e, em seu dia a dia, vê nas técnicas e conduta de trabalho traços daquilo ensinado pelo antigo patrão.

“Foi um divisor de águas na minha vida. A gente cresce junto. Moro fora da cidade agora, mas sempre que tenho a oportunidade vou lá fazer uma visita. Nos falamos toda semana”. No que diz respeito à Keli, a melodia é praticamente a mesma: primeiro emprego, grandes aprendizados e um carinho imensurável pela família e pelo que ela representa.

Com Fernando na posição de um “paizão”, Keli fala sobre a amizade, confiança e respeito desenvolvidos ao longo do período em que atuou na loja. Ela, que somente saiu do emprego porque havia conquistado um estágio em uma empresa multinacional, afirma, contudo, que o elo construído lá dentro é permanente e especial.

“Os dois foram meus padrinhos de casamento. O Fernando sempre teve muito prazer no que faz. Isso é muito forte nele. Fora o que eles têm de apreço pela história da loja”.

Hoje em Brasília – não mais a ótica e relojoaria, mas a cidade – a ex-funcionária se mantém vinculada ao negócio graças à torcida e carinho mútuos. A princípio modesta, quem caminha pela Ótica e Relojoaria Brasília logo nota que, por lá, colecionam-se momentos, histórias e a admiração de quem com ela se relaciona.

A Ótica e Relojoaria Brasília solicitou ao Petrópolis Sob Lentes a veiculação da seguinte nota de agradecimento: “Fica a gratidão da empresa a todos os ex-funcionários, clientes e amigos que por aqui passaram e deixaram lembranças por terem feito parte desta história ao longo desses 50 anos”.

Carolina Freitas

Jornalista e escritora, Carolina Freitas se dedica ao resgate e à valorização da memória petropolitana a partir da produção de reportagens e curtas-metragens sobre a história, o comércio, e a vida da cidade.

1 Comment

  1. Saudade desta terra maravilhosa. Fui interno no Colégio Werneck. Joguei na seleção do ZE Werneck nas famosas olimpíadas estudantis da cidade. A Cidade começou a piorar quando criaram as linhas de onibus para baixada fluminense. Aí aquele paraíso que existia começou a ruir. Mesma assim é uma cidde conservadora dos valores cristãos e da família.

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