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Personagem Betão, da antiga Tribuninha, completa 45 anos; quem se lembra do caderno?

Caderno chegou a ser o segundo mais lido do jornal, atrás apenas dos Classificados

Imagens de capa: Petrópolis Sob Lentes – Arquivo pessoal Fernando Marques

A vida em quadros que, por sua vez, deram origem a tirinhas que, juntas, constituíram um mosaico de vivências e emoções no caderno “Tribuninha”. Quem teve o privilégio de desfrutar do trabalho do desenhista e ilustrador petropolitano Fernando Marques, de 58 anos, certamente guarda junto de si lembranças do caderno que passou a compor o jornal Tribuna de Petrópolis no final dos anos 90. Em formato leve e divertido, o caderno que foi sucesso de público teve na figura de Betão um de seus protagonistas. Este ano, o personagem completa 45 anos de criação.

Foto: Arquivo pessoal Fernando Marques

Combinação entre cor, descontração e informação, a Tribuninha chegou a se tornar o segundo caderno mais lido do jornal, atrás apenas dos Classificados. Trazido à vida pelas mãos de Fernando Marques, o projeto se consolidou entre a infância e juventude da época graças a alguns personagens: tanto os próprios leitores, que tinham a oportunidade de estamparem o jornal na concorrida página de aniversariantes do anexo; quanto da turminha de personagens que marcaram geração. Quem se recorda do carismático Betão, seu fiel escudeiro Víque e da charmosa gatinha Tatá?

Foto: Arquivo pessoal Fernando Marques

Primeiro nome de Fernando, foi Roberto o ponto de partida para a criação de Betão, ainda em seus tempos de estudante no Cenip. Habituado a rabiscar entre uma tarefa e outra, o ilustrador conta que foi nos fundos da sala de aula que encontrou o ambiente propício para o surgimento de histórias e personagens – posteriormente traduzidos em linhas e bom humor. “Depois de ouvir bronca por desenhar me mudei para o fundo. Um dos meus amigos percebeu que eu desenhava e me falou assim: por que você não faz uma história em quadrinhos com a turma?”.

Foto: Arquivo pessoal Fernando Marques

À época apelidado de Batata, Fernando passou, então, a se inspirar no mundo à sua volta para desenvolver um universo próprio traçado por vivências e pessoas que cruzaram seu caminho. Ainda que não tão parecidos em um nível de personalidade, com o passar dos anos Betão e ele dividiram, além do boné e do emprego em uma rádio, o fato de terem sido ponto de partida para a construção de laços e eventos traduzidos pelas tirinhas. Um deles a amizade de mais de 40 anos com o amigo de colégio João Vichi Junior, o Víque.

Foto: Arquivo pessoal Fernando Marques

Uma das vítimas da Covid-19 no município, Vichi faleceu em 2021. Nos quadrinhos, contudo, ele permanece imortal. Não mais na Tribuna, as tirinhas continuam a ser veiculadas no Brazilian Press, nos Estados Unidos, e no jornal Notícias em Português, no Reino Unido. Reflexo dos amigos e relacionamentos nutridos por Fernando, seu trabalho eterniza momentos e, principalmente, memórias, como é o caso do amigo com quem dividiu a trilha sonora da juventude e da vida adulta.

Foto: Arquivo pessoal Fernando Marques

“Ele ainda está presente até hoje. Nas tirinhas, para mim, ele é imortal. Hoje, a turma fixa é composta por algumas pessoas o Betão, Víque, o Guto – inspirado em um grande amigo da Papelaria Pedro II, a Pequena – minha ex-esposa, o Luk – meu filho Lucas, João – meu pai, e a Rani – viúva do Víque. Eu amo essas pessoas e elas vão continuar a fazer parte do universo do Betão. São eles que vão ficar”, descreve Fernando que, de desenhos bem feitos, foi capaz de construir um universo em que cada personagem conta com histórias e personalidades próprias.

Soma de medos, ideias, sonhos, momentos e emoções compartilhadas, em 45 anos de criação, o Betão e sua turma provaram que o melhor do entretenimento é aquele capaz de inspirar e, sobretudo, permitir que o público se sinta retratado e acolhido. Passado tanto tempo, o trabalho construído continua a motivar que traços e palavras sejam instrumentos na construção do legado de pessoas e memórias. Até porque, como Fernando mesmo descreve, “No final, o importante é a alegria e a felicidade que a gente leva no coração”.

O trabalho de Fernando pode ser acompanhado nos perfis @rfernando_marques, no Instagram, e Facebook – Fernando Marques Desenhos.

Carolina Freitas

Jornalista e escritora, Carolina Freitas se dedica ao resgate e à valorização da memória petropolitana a partir da produção de reportagens e curtas-metragens sobre a história, o comércio, e a vida da cidade.

1 Comment

  1. nem sei se é relevante agora,porém eu ganhei um concurso de desenho que virou capa da tribuninha de aniversário. o premio era material de desenho fornecido pela semadri e obelisco… foi maravilhoso!!!! eu passe uma semana inteira fazendo o cartoon com os personagens em uma festa de aniversário. ficou perfeito! não acho na internet??? sei que faz mais de 20 anos… mas aniversários devem ser guardados pra posteridade certo??? se achar eu ia adorar rever…. grata tamires Rufino carvalho

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