Existe uma lenda japonesa, a Akai Ito, que diz que quando duas pessoas estão destinadas, elas são unidas por um fio vermelho que não se rompe, independente da distância e do tempo. E o mesmo vale para o comércio. Laço inquebrável, o segmento se revela, ao menos para os funcionários da loja Carlins Plásticos, um cordão umbilical. Fundamental no desenvolvimento, ele é sinônimo daquilo que nutre, dá oxigênio e molda a vida.
Fundada em 1965, a Carlins Plásticos tem sido protagonista e testemunha do balançar dos ponteiros. Especializada na venda de itens em plástico, carpetes, persianas e pisos, a empresa, há 56 anos, faz parte do cotidiano de Petrópolis – tanto o das indústrias e centros cirúrgicos, quanto aquele pautado pelos lares petropolitanos. Das transformações econômicas às culturais, não é de se surpreender saber que a empresa já viu de todas.
Da popularização do Vulcapiso à febre dos conjuntos para banheiro de plástico e da ascensão do carpete, trabalhar na Carlins Plásticos nunca foi somente sobre atender o público, mas sobre entender como ele pensa e o que busca. É o que explica o comerciante Cid Vieira da Silva, de 73 anos. Irmão de Carlinhos – fundador do negócio – ele recorda alguns dos momentos vividos pela empresa, que até filial em Teresópolis chegou a ter.
“No tempo em que a loja foi fundada era muito comum usar capas: capa de enceradeira, de bujão de gás, de liquidificador. Nós tivemos uma indústria por uns cinco anos e, na década de 70, abrimos uma filial em Teresópolis”. Inaugurada por seu irmão junto dos sócios Elza Beatriz Veiga e Paulo Rodrigues de Barros, no Edifício Municipal, a Carlins Plásticos funcionou anos a fio na Rua do Imperador, 60, e, desde 2017, opera no número 42 da via.
Parte da empresa desde 1968, há mais de meio século Cid tem escrito sua história ao mesmo tempo em que ajuda a redigir importantes capítulos da trajetória do município. Ele recorda a construção de refeitórios e seções em importantes indústrias tidas pela cidade no passado, como a Fábrica de Tecidos Dona Isabel e da Fábrica de Feltros Lobera, e da satisfação que é ser uma das poucas empresas petropolitanas a resistir ao tempo.
“Eu costumo dizer que a loja é igual à vara de marmelo. Ela enverga, mas não quebra. Quando você nasce o médico corta o cordão umbilical, mas depois você adquire o cordão umbilical pelo comércio, pela loja, e esse permanece”.
Laço inquebrável, o fio do comércio se fez presente na figura dos irmãos Cid e Carlinhos e, de uns tempos para cá, também entre os funcionários, que constituem uma verdadeira família entre si.
Colocador mais antigo da loja, José Guimarães, de 70 anos, é funcionário da Carlins Plásticos há 48 anos. Contratado ainda jovem, daí o fato de ter sido apelidado – e chamado até hoje – de Zezinho, ele teve na empresa seu segundo emprego de carteira assinada. Já aposentado, ele diz que o maior aprendizado se dá em função das amizades: do já falecido Carlinhos, o Carlos da Silva Filho, aos colegas com quem tem o prazer de dividir a rotina.
“Antes da loja eu trabalhava em obra. Decidi trocar de profissão porque eu achei que como colocador eu aprenderia mais, e aprendo até hoje. O Carlinhos era um brincalhão danado com a gente. Muitos nem o conheciam como patrão”. Dentro da empresa, quem vive uma caminhada semelhante de aprendizado é o chefe da colocação Luiz Carlos do Nascimento, o Luizinho, de 60 anos.
Grato por “ser visto e ser valorizado” ele retribuiu a forma com que foi acolhido na empresa com seu profissionalismo. À disposição para o que for necessário, ele atua na medição dos projetos, como motorista do carro de entregas, na colocação e na finalização dos serviços. “Tudo que eu sei sobre decoração e colocação eu aprendi na loja. Faço um pouquinho de tudo, mas o que eu mais gosto é ver a coisa pronta e com o acabamento finalizado”.
E por falar em profissionais multifacetados, Sônia Regina Jockem de Macedo, de 67 anos, já é um dos rostos oficiais da Carlins Plásticos. Funcionária da loja desde os 23 anos, ela chegou a trabalhar por um tempo no escritório, mas foi no setor de atendimento que, realmente, se encontrou. E tamanha é a sua afinidade com a empresa que até sua irmã, Vera, passou a dividir o amor pela coisa e o ambiente de trabalho com ela.
“Eu não imaginava que ia ficar tanto tempo. Gosto muito do que eu faço e do ambiente. O patrão também é gente boa, mas é uma via de mão dupla”, brinca Sônia. Onde cada funcionário tece um fio junto à empresa, a loja se mostra exemplo de estabelecimento pautado pelo bom atendimento e convivência. Afinal, ainda que passados 56 anos, a Carlins Plásticos continua a fazer crescer a sua rede de amigos, clientes e colaboradores.
(Matéria produzida a convite da CDL Petrópolis e veiculada no site da entidade em 26/09/2021)
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