Fernando Py: ‘Petrópolis: comércio e saudade’


Fernando Py: ‘Petrópolis: comércio e saudade’


Henry Kappaun via @fuiprarua


Texto publicado no jornal Tribuna de Petrópolis em 06/03/2020

Esta seção acaba de receber um livro bastante significativo sobre a nossa cidade. Petrópolis: o comércio de ontem e a saudade de hoje, de Carolina Freitas (Petrópolis: Editora Literar, 2019; prefácio de Antônio Torres). A autora, escritora e jornalista, empreende aqui uma espécie de desbravamento e exposição do comércio petropolitano, com suas lojas e empresas – algumas já desaparecidas – e a saudade que se espalha nela e em nosso íntimo, e tudo isso, bem amalgamado, está presente nas páginas do livro.

Senão, vejamos: no total, são mais de quarenta textos, todos realçando o que houver de desenvolvimento e/ou extinção, fruto da velocidade do progresso tecnológico ou da falta de adaptação às necessidades do presente. Segundo a autora, o conjunto é “nostálgico e, até certo ponto, mágico” e acrescenta que “este trabalho de resgate tem se deixado ser traduzido e conduzido por mim.”

De fato, os textos, sejam sobre as lojas ainda em atividade, seja sobre aquelas que já deixaram seu nome nos escaninhos da nossa memória, assinalam o profundo amor e a sutil saudade que anima a autora e – por que não? – os leitores da obra, petropolitanos ou não, daquela vontade íntima de ver e rever os estabelecimentos existentes no centro da cidade, com olhos focados no presente ou uma sensação indefinível voltada para o passado, que se afasta de nós a cada instante.

No volume, temos retratos bem delineados sobre estabelecimentos, ainda existentes (ou já extintos), que deixam seu nome na história de Petrópolis, como a Casa D’Angelo e seu encanto sempre renovado, o Bauernstube, a Alfaiataria De Carolis, a Casa Galo, a Sapataria Schettini, a Casa Itararé: escritório da vida, a Casa Copacabana, a Florilândia, o Maurício’s, com seu bom papo e boa comida, as Casas Pernambucanas, a Chapelaria e Cutelaria Esmeralda, a La Fornarina, a Panificação Elite, a Sapataria Moderna, onde clássico e moderno andavam lado a lado, o Café Rio Branco, a Papelaria Petrópolis, as Loterias Joãozinho, a Casa Roberto, o Fuka’s: atalho para a felicidade que deixou saudade, e muitas, muitas mais.

Todos estes estabelecimentos, misturadamente atuais e aqueles que moram na nossa saudade, são motivo de grandeza e recordação, sementes que são ou foram responsáveis pela criação e desenvolvimento do nosso comércio, ao mesmo tempo que se entranhavam em nosso espírito e costumes pessoais, dando um toque de atualidade a Petrópolis, mesmo aqueles que já desapareceram – e que, de certo modo, fulguram na nossa lembrança. Assim, o livro de Carolina Freitas vem cobrir a lacuna existente na documentação e na história petropolitana, o que é bastante útil para todos os estudiosos da nossa história. Parabéns.


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