Um bilhete de entrada que, aos olhos dos visitantes, está mais próximo de uma chave para o palácio e pantufas que, quando vestidas, trazem tanta satisfação quanto o manto do Rei. É inegável que as visitas ao Museu Imperial deem asas à imaginação, mas se tem um fato que de ficção não tem nada é a cor original do Palácio Imperial! Por incrível que pareça, antes de se tornar museu, a edificação não era rosa, e sim “amarelo ocre”.
De acordo com a obra “Museu Imperial”, escrita pelo historiador e primeiro diretor do Museu Imperial de Petrópolis, Alcindo Sodré, antes de se tornar museu, a construção passou por inúmeras reformas internas e externas. Ainda segundo a publicação, de 1950, “na impossibilidade de uma restauração fiel (…) fez-se nova pintura em painéis de tom fraise, reproduzindo então um gosto da época, observado no Paço de São Cristóvão, no segundo reinado”.
É o que se comprova na ala esquerda do Museu Imperial. Talvez você ainda não tenha reparado, mas na referida varanda é possível verificar parte da pintura original do palácio que, na época, seguia uma técnica chamada “escaiola”. Preparada com gesso e cola, ela reproduz na pintura desenhos muito semelhantes ao encontrado no mármore! Daí a dificuldade, tanto em termos de custo, quanto de habilidade, para reproduzi-la fielmente.
Fotos: Petrópolis Sob Lentes
Numa pintura a óleo de autoria de Friedrich Hagedorn disponibilizada pelo Museu Imperial na plataforma Google Arts & Culture é possível ver o palácio como um todo ainda no tom de “amarelo ocre”. Apontada como tendo sido feita entre os anos de 1857 a 1858, a obra chama atenção, ainda, para os arredores, que ainda não haviam sido povoados, e para o próprio jardim do palácio, em que praticamente não se viam árvores.
Encantador de qualquer jeito, é fato, contudo, que como aponta a historiadora e membro do Instituto Histórico de Petrópolis, Ruth Judice, “o povo sempre o viu assim (no rosa) e foi nesta cor que aprendeu a amá-lo”. A fala, extraída do artigo “A cor do Museu Imperial”, de Ruth, traz ainda uma outra curiosidade: o fato de que, segundo ela, o tom de rosa teria sido uma criação do próprio príncipe Dom Pedro Gastão.
De acordo com a historiadora, “fora ele que criara a cor com um fabricante de tintas (…) que, em atenção a Dom Pedro, batizara a cor de – Rosa Grão Pará”: registro que hoje já faz parte do conceito de memória afetiva dos petropolitanos. E a pergunta que não quer calar: por acaso você já havia imaginado o Museu Imperial em alguma outra cor além do rosa?
Carolina Freitas, parabéns pelo trabalho na cidade imperial.
Do nada fiquei curiosa sobra a cor original das “casas imperiais” de Petrópolis e vim parar aqui. Obrigada pelas informações 🙂