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Você sabia que, antes de se tornar parque, o Cremerie foi uma fábrica de queijos?

Diariamente eram recebidos cerca de 400 litros de leite de produtores locais para uso na produção

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Ao contrário do que, normalmente, se espera de um parque, o Cremerie traz consigo um clima bastante bucólico. Nostálgico como quem caminha por lembranças, o espaço parece refletir características do francês Jules Buisson. Detentor da propriedade no final do século XIX, foi ele quem, por volta de 1875, fundou no terreno a Fábrica de Queijos Cremerie Buisson.

De acordo com informações extraídas do “Guia de Viagem – Petrópolis”, publicado em 1895 pelo jornalista José Tinoco, o acesso à charmosa vivenda do francês era privilégio de poucos. “Na frase do Sr. Buisson, é quase um crime entrar ali um profano, raros são os que têm merecido essa distinção do solitário do Quitandinha”, descreve o texto.

Foto: Museu Imperial/Ibram/MinC (cedida para uso do projeto Petrópolis Sob Lentes)

Petit Dauphiné, como a propriedade teria sido nomeada por Jules, era sede de sua oficina de queijos/manteiga e de seus belos jardins, que já na época chamavam a atenção dos visitantes. Ainda segundo o artigo, o sistema de negócio do francês era o que, na França, é conhecido como fruitière –  espécie de cooperativa que recebia uma média de 400 litros de leite por dia de produtores locais.

Foto: Museu Imperial/Ibram/MinC (cedida para uso do projeto Petrópolis Sob Lentes)

Embora o sucesso das mercadorias fosse absoluto, passado um tempo o terreno foi vendido e seus fins alterados. Chegando a operar como hotel, no começo dos anos 70 a propriedade foi tornada área pública municipal. Parque das famílias, até hoje se fala nas fotografias que costumavam ser tiradas dos visitantes e dos passeios de barco do tio Beto – símbolo clássico do passeio à propriedade.

Não mais fábrica de queijos, o apreço do francês pelo terreno parece continuar a reinar no ambiente: melancólico como quem aguarda pela volta de um amigo querido com quem foram escritos bonitos capítulos do Cremerie.

Carolina Freitas

Jornalista e escritora, Carolina Freitas se dedica ao resgate e à valorização da memória petropolitana a partir da produção de reportagens e curtas-metragens sobre a história, o comércio, e a vida da cidade.

14 Comments

  1. Poxa vc esta de parabéns, e mt bm sabermos as histórias da nossa cidade … vc poderia fazer uma matéria sobre a pista de esqui no floresta , na epoca da pista de esquir meu marido esquiava e ensinava outras pessoas também… obg de tiver foto no seu acervo da pista de esqui do bairro floresta poderia posta obg….

  2. Conheço essa história e quando criança, meu pai fazia sanduíches, comprava frango assado e para beber, água mineral em garrafas de vidro, misturava um ki-suco de guaraná (refrigerante era caro) e levava a família para passar o domingo no parque. Lá pelas 17h ele chamava um táxi e voltávamos felizes da vida.
    Lembranças da infância que não saem da memória nunca..

    • Que lembrança linda, Carlos! Fiquei aqui imaginando a família voltando do passeio e já ansiosa pela próxima vez em que iria ao parque. Obrigada por sempre dividir comigo suas recordações! Adoro ouvir todas elas

  3. Era um lugar maravilhoso, de paz. As famílias se reuniam no parque para os eventos mais carinhosos. Tenho algumas fotos no parque, principalmente com os meus parentes de SP, ALCIDES PIZZOLATTO e SEBASTIANA PIZZOLATTO. A minha amada prima TERESINHA PIZZOLATTO, BELMIRO PIZZOLATTO = todos nascidos no MORIN, mas que foram para SÃO PAULO. Minha mãe e minha madrinha, irmã do meu pai, SEBASTIANA GOMES PIZZOLATTO. As fotos eram tiradas pelo meu pai, coloridas. Todos de terno e gravata e as senhoras muito bem vestidas. Era um momento, também, elegante, o passeio pelo CREMERIE. A área foi desapropriada em 1974, no GOVERNO PAULO JOSÉ ALVES RATTES. Eu era o chefe da Assessoria de Imprensa.

  4. Um texto esplêndido !
    Com algumas linhas românticas, como não poderia deixar de ser, mas sem abandonar o texto jornalístico que, neste caso, fez caber, em poucas palavras, uma narrativa que se estende à possibilidade de leitura do que não precisou ser escrito, inclusive.
    Parabéns !

    • Muito obrigada pelo lindo comentário, José Luiz! Fiquei muito feliz e satisfeita pela sua sensibilidade com relação ao texto! Capturou exatamente o que eu busquei transmitir!

  5. Olá!
    Toda vez que meus pais subiam a serra para visitarem parentes na Vila Macedo, no centro, eles paravam o carro no parque Cremerie para eu e meus irmãos, todos crianças, brincarmos, incluindo passear num dos barcos a remo. Também me recordo de uma pequena construção com os dizeres “Biscoitos amanteigados”, em letras azuis sobre uma desgastada pintura de paredes em ruínas, isso no início dos anos 1960. No entorno do parque, podia-se passear montado em cavalos, porém com as rédeas conduzidas por um responsável do local.
    Mais de sessenta anos passados, ir a Petrópolis continua sendo extremamente prazeroso para mim e familiares
    Parabéns pelo seu trabalho, Carolina!

  6. Belíssima matéria!
    Por acaso esse fornecimento de leite peĺa cooperativa seria leite de cabra?
    Tenho essa dúvida, embora tenha lido o “O Mercantil “, jornal publicado na época, disponível na internet.
    Obs. Não acredito que os filhos dos colonos alemães e os imigrantes italianos (recém chegados) criavam gado bovino leiteiro para essa finalidade.

  7. Parabéns pelo seu trabalho! Sou apaixonado por fotos da Petrópolis de antigamente. Gosto de conhecer e poder ver como eram os mais diversos locais da cidade. Ao mesmo tempo, sinto profunda tristeza por ver que o tal “progresso” fez e faz com Petrópolis. Parabéns e votos de sucesso!

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