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Conheça os acervos e histórias de três colecionadores de Petrópolis

Metáfora das marcas trazidas pela vida, os elementos trazem a beleza que é criar raízes pela terra em que se nasce e se cresce

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À primeira vista vazios, os chaveiros guardam as chaves para o passado da cidade e deles próprios. Colecionadores, eles preservam o carinho por Petrópolis através de acervos em que cada item os faz sentir mais próximos da sensação de completar um quebra-cabeça da história local e deles mesmos.

Mil flâmulas que remetem aos anos 50, 60 e 70. É essa a extensão da maior coleção herdada pelo petropolitano Francisco Theisen, de 58 anos, do pai, José Theisen Filho. Motivo de orgulho, o acervo, mais do que registro da memória do comércio da época, traduz traços paternos também preservados por ele.

Fotos: Divulgação

Um deles, e talvez principal, seja o de valorizar o caminho trilhado e as experiências proporcionadas pelo percurso.

“Meu pai teve muitas coleções durante a vida: uma de canecos de chopp, outra de caixas de fósforo, lápis comemorativos e, a maior delas, de flâmulas, com flâmulas internacionais, e de lojas e clubes petropolitanos”. 

 

Alcançados pelo tempo, os itens trazem marcas deixadas pelo avançar do ponteiro. Metáfora das marcas trazidas pela vida, os elementos reunidos pelo ex-combatente da FEB e passados adiante ao filho trazem a beleza que é criar raízes pela terra em que se nasce e se cresce, como também fez o médico Fábio José Christo Weinschütz, de 59 anos.

Nascido e criado em Petrópolis, há 32 anos Fábio precisou se mudar por motivos profissionais. Contudo, além de filhos a quem frequentemente visita na cidade, ele guarda uma coleção de ao menos 200 chaveiros e um caderno de etiquetas com tema de estabelecimentos comerciais que o mantém próximo de suas raízes.

Fotos: Alexandre Carius

“Gosto dessas lembranças. A gente relembra as lojas, as pessoas que trabalhavam nesses locais e com quem nós íamos neles”. Caçula de outros três irmãos, Fábio explica que perdeu o pai meses depois de nascer e que, com isso, teve, nos irmãos, a figura paterna que precisou enquanto crescia. Foi também graças a eles que pegou o gosto por colecionar.

“Eles tinham alguns chaveiros e meu irmão mais velho, Jorge Sérgio, começou me dando um chaveiro. Depois os outros dois, José Carlos e Luis Fernando, também passaram a me trazer alguma coisa”.

Fruto de presentes e, mais tarde, de compras feitas por ele já enquanto adulto, a coleção é uma viagem pelo passado e por momentos de prosperidade.

Também sinônimo de boas lembranças é a coleção que, aos poucos, o petropolitano Cid da Cruz Loureiro Netto, de 53 anos, tem desenvolvido. Membro do grupo “Petrópolis e sua história”, que reúne entusiastas pela cidade no Facebook, ele, que já tinha o hábito de frequentar feiras de antiguidade, conta que se viu motivado a compartilhar seus achados.

“Acho muito legais as reações das pessoas diante das fotos dos objetos, então, em parte, compro pensando no grupo”.

Proprietário de um apartamento alugado por turistas, é no local que ele tem exposto o acervo, que conta com canecas, quadros, chaveiros e fotografias relacionadas à cidade.

Fotos: Alexandre Carius

Capaz de estimular a sensação de acolhimento e pertencimento, é fato que, seja a turistas ou petropolitanos, mais do que flâmulas e chaveiros, os acervos representam coleções que mantém vivas a chama do carinho por Petrópolis, ao mesmo tempo em que mantém abertas as portas ao passado da cidade e de quem por ela passou.

(Reportagem produzida para a revista de aniversário da cidade emitida pelo jornal Tribuna de Petrópolis em 16/03/2021)

*Créditos da foto de capa: Alexandre Carius

Carolina Freitas

Jornalista e escritora, Carolina Freitas se dedica ao resgate e à valorização da memória petropolitana a partir da produção de reportagens e curtas-metragens sobre a história, o comércio, e a vida da cidade.

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