Situado entre o Mediterrâneo e as montanhas, há quem diga que o Líbano parece estar suspenso entre o céu e o mar. Não distante do referido pensamento é a descrição atribuída ao comerciante libanês Hamid Saikali. Dotado de um espírito empreendedor, ele instalou em Petrópolis seu caminho entre as nuvens e a terra a partir da loja de roupas Beirute.
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Os viajantes não saíam do chão, mas ainda assim davam uma volta ao mundo. Ora num bistrô francês, numa cantina italiana ou num café inglês, era com base nos cardápios da Casa Copacabana que a clientela definia seus destinos. Com o passaporte carimbado, o passageiro saía de lá convicto de que não demoraria a retornar.

Os telefones tinham quatro dígitos, as ruas não tinham semáforos e ‘a simplicidade era a maior forma de sofisticação’. Nas casas comerciais, a confiança prevalecia e, na Padaria das Famílias, não podia ser diferente.

Quando os termômetros despencavam, era a um chalé localizado no coração da cidade que muitos recorriam. A melodia do piano se fundia ao calor emanado pela lareira e ao sabor inigualável dos pratos que eram servidos.

O sorriso é sincero e traduz a felicidade de quem, ao evocar sabores e aromas, evoca também histórias. Talvez com um pouco de esforço aqueles na faixa dos 50 ainda consigam sentir o gostinho que os remete à simplicidade da infância, época em que um Guaraná ou Soda Cascata era a garantia de um dia bem vivido.

E foi ali, na esquina da Rua do Imperador com a Praça Dom Pedro II, que fregueses encontraram um lugar pra chamar de lar. Seja pelas recordações provocadas por um pequeno caramelo ou pelo simples aconchego do ambiente, é lá que o passado se faz presente entre quatro paredes.

A sensação de deslumbramento era inevitável. A fachada de mármore separava o corriqueiro do suntuoso. Em uma questão de segundos, o cinza dos paralelepípedos dava lugar ao tapete vermelho dedicado aos visitantes.

Se para os radialistas ela era uma escola, para os ouvintes se resumia ao fascínio de um primeiro dia de aula. O próprio nome já a descrevia. Rádio Difusora. Propagada pelo ar, se fazia presente nos lugares em que ecoava.

Os anos eram dourados. Tendências, glamour e música regiam a sociedade. Pedestres paravam nas calçadas para admirar as novidades que ocupavam as vitrines: discos, gramofones, aparelhos de rádio. Em Petrópolis, a loja pioneira no ramo dos eletroeletrônicos era ‘A Musical’.